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terça-feira, 7 de julho de 2009

Crônica de mais um dia sem você ...

Sem a tua presença !!!

Hoje é sexta feira e, em torno de mim ouço sorrisos de quem marcou que, a noite seria início de um grande fim de semana.
Ouço ainda a minha volta comentários de como irão torcer, como irão vibrar, curtir, dançar, passear, amar, aventurar. De maridos e namorados ouço de como vão sair com suas novas esposas e namoradas e, de como trairão suas mulheres. Da esposa cujo esposo está por aquí ouço a gratidão de ter um marido, um filho, uma sogra, uma nora, um genro, um neto. Que gracinha a netinha dela diz a outra. E daí começa a cessão de elogios. Isso mesmo cessão do verbo ceder, porque me parece gratuito. Eu estou por perto. E hoje mais que nunca ouço tudo. Está tudo bem. Todos estão bem.
Até dos infelizes invejo.
Ah! Meu filho a inveja mata! E a solidão não mata não?
Todas matam e, nenhuma delas tem poder de me refazer.
A solidão, primeiro ela. Pode ser definida como a dor de quem tem fome, mais não pode comer. Comer porque não tem o que comer. Ela também pode ser definida pela dor da fome, daquele que tem fome mais não quer comer. Não come então porque não quer comer e, tem fome.
Ainda a solidão é rude e tem ternura para roer até o fim, sem sangrar, sem arder. Arder de queimar....sem fim...A solidão corrompe o sentimento do nobre e introduz nele uma alma crua, dura como a própria solidão.E esta minha solidão não atrai.Só eu posso vive-la.Ela afugenta o bem e, tem a simpatia de mandar embora com a doçura que me trai, o mal que instiga a fazer sentir a dor, de ir e vir.Ir para o lado contrário.Vir para o lado contrário.Eu ..não vou ....Eu vou!
Sair daqui prá deixar de ouvir os passos dos felizes que cantam em alta voz os seus gozos?Gozo não é profano como se traduz. Gozo é justo e, o justo não tem direito de ser autentico. Ele é gozo!
Sinto que eles zombam. Zombam de seu zombar. E trepidam no viver a mil cantando a vitória que só profetizam. Não terão a tão desejada se eu não ti ver. E verei, mesmo que seja em sonho, mesmo que você desista. Não desista por si. Desista pelo ópio, pelo certo e pelo resto. Insista pelo horizonte.
A solidão devolve ao plebeu o ar doce de esperança. E o prazer de ser plebeu não é nobre.
A avó da menina linda, o traído, o traidor, o dançante, o cantante, o amante, o desistente, o que fugiu o que provou e o que reprovou. O amado, o casado e o roupeiro daquela turma falante. Deixe que passe, isto é caravana e, esta tem que passar. Se parar estraga a história.
Na dúvida se você virá vou apagar a luz (porque só há uma luz) e, chorar. Todos já foram agora vivo eu e a agonia de esperar. Por você esperei ontem, hoje ainda espero. Pode ser que amanhã virá.
Está tudo bem! Todos estão bem!
Até aos infelizes invejo!
O que eu penso a seu Respeito !






Na dúvida sobre você pensei recuar.
Avancei querendo conhecer-te.
Cultuar seu olhar seu caminhar, seu cruzar de pernas, seu colo seu sentar.
Penso nada a respeito de ti.
Mas quando te vejo um ardor invade meu pensamento. Sussurro. Peco quando penso em ti.

Será mesmo possível não pensar nas ruas, em seus avanços, nas suas curvas?
Acha mesmo que é possível não pensar em seus declínios e seus de delíneos?

Ou não entende você que suas subidas e descidas me deixam sem mim?
Sem eu mesmo fico vulnerável pensando e pecando contigo.
Seria eu tolo se abandonasse o desejo de te querer. Possuir-te poderia pensar.
Quero-te.

Quero atribuir - te minha angústia e meu desprezo. Não gosto mais de mim sem você.
Vago de um lado a outro esperando poder rolar contigo. Não consigo me conter sem seu afago. Simulo-o. Imito-o.

Preciso contar.
Preciso falar.
Quero gritar.
Quero – te!

O que penso a seu respeito, só nos diz respeito. Penso em ti!

Mãe Mulher



Do que eu me lembro?
Uma jovenzinha assustada, com uma mistura de angustia e esperança no canto da sala. Com as duas mãos sobre a barriga move-as lentamente. Primeiro a mão esquerda depois a direita, depois a direita um pouco mais lenta e aí a esquerda sobre a direita .Dá dois leves toques com a mão esquerda sobre a mão direita na sua pequena barriga sob seu vestido de xita todo xadrezinho de azul e branco com a golinha branca de algodão.Você não parece triste.Mais tarde chega uma amiga e vocês conversam.Novamente você apalpa a sua barriga e aí sim fala de futuro sorri e abraça sua amiga e juntas choram um choro prazeroso de felicidade .Lhe fez bem a visita de sua amiga.Descobri mais tarde que quem causara tudo isto teria sido eu.
Mãe como estou feliz por você!
Do que lembro ainda?
Das mamadeiras para o intervalo de minhas mamadas que aconteciam entre solavancos e mordidas em seus peitos. Das fraldas encharcadas e lambuzadas com um cheiro enorme de uma pasta qualquer pasta nojenta e vencida, umedecida por outra coisa quente e também má cheirosa parecida com amoníaco. Do banho ensaboado cuidadosamente sem molhar meus olhos. Das suas noites mal dormidas por causa de minhas gripes e febres. Das idas ao médico. Do seu choro... Do meu choro com medo das agulhas. Das enfermeiras. Da catapora. Da Varicela. Do Sarampo. Da tosse cumprida. Do resfriado que logo passa.
Lembro de meus tombos do meu choro e de seu choro. De suas promessas para eu me curar. Das suas decepções, pois tivestes que me levar de volta ao médico.
Mãe como eu era feliz com estes teus cuidados!
Do que mais eu lembro?
De quando você voltava do seu trabalho, das balas doces que outros chamam de bombom, de meu primeiro brinquedo, das primeiras chuvas, da horta no fundo do quintal. Dos bolos feitos com carinho com fubá e cravo da Índia. Meu copo de leite quente numa noite fria. A sopa de legumes que você fazia. Minha roupa bem cuidada. Seu beijo na saída. Seu beijo na sua chegada. Seu beijo quando eu ia dormir. Seu bom dia no amanhecer. O meu primeiro puxão de orelhas. A primeira de várias séries de palmadas. Sua angustia. Seu sorriso.
Mais do que eu mais lembro?
Sua conversa com Deus quando falava de mim. Seus olhos úmidos. Seu soluço silencioso.
Sua inocência. Sua insistência. Seu amor por mim.
O que eu mais quero?
Que você seja feliz!
Não te ver sofre jamais!
Não importa sua cor, sua dor, seu credo, sua classe social, se almoçou, se jantou ou não, se mora na rua na lua ou numa mansão com lagos. Se és ou não no pensar de alguns ou de muitos boa ou má. Mas não existe uma mãe má.
Minha homenagem?
Eu não consigo homenagear uma mãe.

Mãe não é só isto! Mãe é renuncia, é pureza, é arte ser mãe.
Para homenageá-la, quero niná-la como fizeste comigo assim... Dorme mamãe... Dorme mamãe... Dorme mamãe... Dorme mamãe... Dorme mamãe... E baixinho poder dizer-lhe felicidade filhinha!

Os Aportes do meu Destino



Primeiro fui tentado a mudar o título. Aportar está ligado a navio. Daí me senti grande, grande para insistir em manter o título.
-Resolvi que, o título está bom!
Para aportar minha embarcação quer o tamanho que seja tenho que primeiro te-la.
E tendo é, preciso conhecê-la. Não se conduz o que não conhece. Um cego conduz um outro porque conhece.
Minha embarcação não é uma embarcação que nela embarquei e, com a cara de espanto vou resvalando nas árvores e arbustos das margens de hora rios, hora lago, hora regatos.
Tenho-a por completo. O exterior. O interior. O passado, que sou capaz de nele mergulhar.
Conduzo tranqüilo. Tranqüilo? Não tanto, pois sofro solavancos dos bancos e dos arrecifes.
Às vezes encalho, mas encalhar é comum nesta época dos anos. Com os cabelos poucos que me restam consigo encalhar.
A escassez das águas não me assustam. Afinal águas são águas. Busco delas não depender. Não dependo do vento que me parece mais amigo. Quero-o para ele açoitar as velas. Para maior velocidade. Mudar a direção e encarar o outro veio dágua que virá.
Posso estar em alto mar. Agora aumenta o risco da trilha anterior.
Toquei no último trecho como se toca numa trilha. Limpei os arbustos, os galhos os espinhos, as valas me parecem cruéis. Nelas pensei que fosse atravessar e, não pude. Dei meia volta. Desfiz dos víveres que angariei pelo caminho. Desfiz dos bens que entendia seriam graúdos e inseparáveis, para aliviar a embarcação. Tratei-os o tempo todo como meus maiores troféus. Foram meus únicos troféus, nunca tive outros. Nem tesouros tive. Nada foi meu pelo caminho que até aquí segui.
A meia volta me causara muitos danos. Hoje estou quase insano, mais e daí? Insano vive superando a dor. Tolerando o insulto de não ser detido.
Por que eu não posso ter meu próprio por do sol, minha lua, minha rua, minha nua. Sua nudez não condiz com sua mudez. Só prá te lembrar. Eu vou aportar onde puder. Onde quiser. Com quem e como tiver.
Vou aportar.
Não pense que o que me resta é parar em algum lugar prá respirar.
Não quero respirar, quero amar.
Busco aportar em um lugar tranqüilo. Com o por do sol que seja pardo quando eu o assim quiser. Tem dia que eu não quero por do sol nenhum.
Quero aportar onde a lua seja simplesmente lua. As estrelas, a via Láctea sejam elas mesmas e, não precisam piscar prá mim.
Sei não temer mau tempo , não sofrer desalento e , se precisar sem rumo.Logo aprumo o leme e levanto ancora para zarpar mesmo sem direção sabida. O que importa é caminhar, trilhar, navegar, sonhar. Conhecer horizonte. Conhecer novos horizontes. Conhecer. E ponto.
Chegar ao destino mesmo desconhecido e, nele aportar.
Dependência
Não sei como vim parar aquí. Nunca fui de esperar pelos outros.
Venci sozinho o desafio imposto pela braveza da vida. Fui livre.
Nada me interrompeu em qualquer trajetória.
Mas agora estou enxergando um fim.
Nunca quis falar sobre isto. Mas não tem graça viver deste jeito.
Admiro a crueldade que me impõe a distancia e os males do dia a dia em todos os lugares.
Eu criei este mal. Não impus fronteira à ação do vento da maldade que me assolara.
Quanta maldade! Lembra daquele livreiro que lera tudo e não soube explicar nada?
Estou como ele! Não consigo explicar o que me aconteceu. Não consigo narrar sequer uma cena. Não é possível que vivi assim!Como me deixei levar até aquí?
Nada mais tem graça. Estou sem graça.
Tenho a sensação de sentir cheiro estranho em tudo.
O fim tem cheiro?
O fim tem gosto?
Tenho a impressão de sentir um gosto amargo em tudo.
É minha impressão ou está tudo amargo?
O gosto do fim tem gosto de nada. Nada tem gosto.
A importância que a vida toda dei a vida, não tem mais sentido.
Não consigo valorizar o que antes me parecera precioso.
A calma, aquela calma estranha com a cara feia e o olhar distante voltou.
Não dá para encarar o hoje.
Sabe aquele vazio que às vezes tinha? Ele agora fez morada em mim. Trouxe toda sua bagunça e esticou o preguiçoso pescoço de animal nojento sobre suas mãos imundas. Agora está olhando prá mim. Velando-me. Ele não tem sono e não pára de me sondar.
O silencio de tudo me incomoda.
A nudez dos filhotes das aves num ninho que acabei de encontrar me tirou a paz. Por que os bichinhos não sabem o que lhes espera. Eles estão nus.
A pastagem, o campo as relvas secas e frágeis. Não chamam mais a atenção só contribuem com meu fim!
Estava pensando: E eu que gostei de tudo. Não quero nada!
Vou a continuar, viver sem entusiasmo e como tolo em busca do amanhã.
Como amanhã? Pra o tolo não deve haver o amanhã!Não quero amanhecer assim.
Nesta dependência. Existe mais que um modelo dela. A minha é física.
A minha fica, não quero permanecer querendo. Mesmo não a tendo. Dependência.
Incômoda dependência.......